domingo, 10 de março de 2013

Por que o hormônio de crescimento é produzido à noite?

Em uma das aulas que eu venho apresentando, um aluno pós-graduando perguntou por que a dose de hormônio de crescimento deve ser dada à noite.

A resposta não é difícil: porque é à noite que fisiologicamente nós temos maior frequência de pulsos de GH, e devemos tentar mimetizar o máximo possível a Fisiologia.

Eu gosto de crianças porque elas fazem muitas perguntas e não se satisfazem com a resposta fácil. Às vezes os pais reclamam do que eu mais gosto nelas, os por quês e por quês intermináveis, e que fazem a gente ou pensar para responder, ou dizer que é assim porque é, pronto e acabou. Para os adultos costuma bastar a primeira resposta.

Sim, à noite temos mais pulsos de secreção de GH. Mas... por quê?

Ele não perguntou, mas como eu no lugar dele teria perguntado, tentei responder.

Mais uma vez, existe uma resposta fácil: porque à noite, no período de jejum prolongado, precisamos dos hormônios contra-insulínicos – glucagon, cortisol e GH; menos a adrenalina – em atividade para manter a glicemia e o fornecimento de substrato energético para o sistema nervoso central.

Nós temos o hormônio de estoque energético, a insulina; e os hormônios que disponibilizam esse estoque para um objetivo específico.

O glucagon é o hormônio contra-insulínico por natureza, tudo que a insulina faz ele faz o contrário, e tem como objetivo o controle da glicose e a prevenção de hipoglicemia.

A adrenalina é o hormônio do estresse exógeno, da luta ou fuga, do exercício físico, e fornece substrato energético para a atividade muscular.

O cortisol é o hormônio do estresse endógeno, da modulação imunológica, e provê energia para a atividade das células inflamatórias.

E o hormônio de crescimento, por fim, é o hormônio do... crescimento; não só estatural, mas também ósseo, cartilaginoso e muscular. Ele faz catabolismo das reservas energéticas para servir como matéria-prima para o anabolismo somático. Assim, aumenta a produção hepática de glicose, aumenta a produção e liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo, e aumenta a síntese protéica muscular. Daí os efeitos de diminuir a massa gorda e aumentar a massa magra durante o tratamento, tanto em casos de doenças em que o uso da medicação é aprovado como de doping esportivo.

Como seria impossível que o músculo hipertrofiasse durante a sua atividade, é interessante que o GH seja produzido (ou administrado) em um período de baixa atividade muscular. Ou seja, o sono.

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